O alucinado ‘Veraneio’ da classe média / Crítica do espetáculo Veraneio com direção de Pedro Granato
TEATRO DA VERTIGEM
O grupo Teatro da Vertigem, criado em 1992 na cidade de São Paulo, desenvolve um trabalho artístico com base em elementos característicos, que vão desde a utilização de espaços não convencionais da cidade, passando pela criação de espetáculos a partir do depoimento pessoal dos seus integrantes e de processo colaborativo entre atores, dramaturgo, encenador e demais criadores, até a pesquisa sobre os processos de interferência na percepção do espectador.
Entre os espetáculos da trajetória do grupo estão O Paraíso Perdido, de 1992, encenado na Igreja Santa Ifigênia; O Livro de Jó, no Hospital Humberto Primo, de 1995; Apocalipse 1,11 (2000), no antigo Presídio do Hipódromo; a Trilogia Bíblica, apresentada na íntegra em 2002; a residência artística na Casa Nº1, em uma parceria entre o Patrimônio Histórico, a Secretaria Municipal de Cultura e o grupo, em 2003, que serviu de criação do projeto seguinte: BR-3.
Em janeiro de 2007, estreia História de Amor (últimos capítulos) de Jean-Luc Lagarce, e uma exposição sobre a trajetória dos 15 anos do grupo na galeria Olido. Em um projeto de intercâmbio artístico com os grupos LOT de Lima, Peru, e Zikzira, de Belo Horizonte, cria a intervenção cênica A Última Palavra é a Penúltima a partir do texto “O Esgotado”, de Gilles Deleuze, na passagem subterrânea da Rua Xavier de Toledo, no centro de São Paulo.
Neste mesmo ano realizou a ópera Dido e Enéias, de Henry Purcell, num dos galpões da central de produção de cenários e figurinos do Theatro Municipal. Da obra O Castelo, de Franz Kafka estreou Kastelo em 2010, no prédio do Sesc da Avenida Paulista. Ainda em 2012 o Teatro da Vertigem realiza duas estreias: o espetáculo Bom Retiro 958 metros e a ópera Orfeu e Euridice de Christoph W. Gluck, e o espaço escolhido é o inacabado complexo Praça das Artes no centro de São Paulo.
No ano de 2013 comemorou 21 anos do grupo com o projeto 21 Vertigem 21, que trouxe também à Praça das Artes, a exibição gratuita de diversos filmes dos espetáculos do grupo. Em 2014 o diretor Antonio Araújo, a convite do Villes en Scène, estreia com o Teatro da Vertigem, o espetáculo Dizer o que você não pensa em línguas que você não fala, com produção do Teatro Nacional da Bélgica e Festival de Avignon, realizado no antigo edifício da Bolsa de Valores de Bruxelas, e em Avignon, no Hôtel des Monnaies. Nesse mesmo ano o grupo é convidado a participar da 31ª Bienal de Arte de São Paulo, com a intervenção de A Última Palavra é a Penúltima 2.0.
No início de 2015, o Teatro da Vertigem vai ao Festival Santiago a Mil no Chile, e estreia Patronato 999 metros, adaptado a partir de Bom Retiro 958 metros. No mesmo ano, o grupo estreia O Filho inspirado no texto Carta ao Pai de Franz Kafka. Em agosto de 2017 estreia o espetáculo Enquanto Ela Dormia. No ano em que a Cia completou 25 anos de trajetória, foi lançado o livro “Teatro da Vertigem”, com textos críticos de dramaturgos e pensadores que refletem sobre os modos e meios de criação do grupo.
Em 2020, o grupo realizou Marcha à ré, uma performance-filme criada em colaboração com Nuno Ramos, comissionada pela 11ª Bienal de Berlim e filmada por Eryk Rocha, com a realização de uma intervenção artística site-specific em São Paulo. A partir de todo material colhido pela filmagem foi produzido o curta-metragem “Marcha à ré”, que teve sua estreia mundial na Bienal de Berlim, em 05 de setembro de 2020, e estreia no Brasil durante o Festival Internacional de Artes Cênicas Porto Alegre em Cena no dia 21 e outubro de 2020.
A versão de "Os Capuletos e Montequios", ópera de Vincenzo Bellini, com direção cênica de Antonio Araújo e Iluminação de Guilherme Bonfanti estreou em 2022 no Theatro São Pedro, em São Paulo.